Um pouco da nossa história.
O texto a seguir foi elaborado a partir das informações contidas no livro Nossa Capela. Paróquia Coração Imaculado de Maria – PUC, de padre Pedro Antonio Ariede (São Paulo, Alter Market, 2002)
No bairro das Perdizes, em São Paulo, a igreja do Coração Imaculado de Maria, ou Capela da PUC, como é mais conhecida, é sede e matriz da Paróquia Universitária de São Paulo, criada em 30 de abril de 1965, e da Paróquia Territorial do Coração Imaculado de Maria, erigida em 21 de agosto de 1967. Mas sua história começa 280 anos antes, no século XVII.
No coração da cidade.
Dom José de Barros de Alarcão, primeiro bispo do Rio de Janeiro, queria fundar em São Paulo uma casa para mulheres que desejassem seguir a Cristo segundo a espiritualidade de Santa Teresa de Ávila. A seu pedido, o empreendedor Lourenço Castanho Taques encarregou-se da obra, contando com o apoio financeiro do irmão, Pedro Taques de Almeida, e com os terrenos doados por Manoel Vieira Barros. Em 1685, concluída a construção, inaugurava-se o Recolhimento de Santa Teresa.
Três filhas de Manoel Vieira de Barros seriam as primeiras recolhidas, no espaço localizado no centro de São Paulo, entre as ruas Roberto Simonsen, Wenceslau Brás, Irmã Simpliciana e Santa Teresa (hoje parte da Praça da Sé). Foi o primeiro bispo de São Paulo, dom Bernardo Rodrigues Nogueira, quem acolheu o antigo desejo das religiosas recolhidas de terem um estatuto próprio, redigido em 1748.
A história do recolhimento da Praça da Sé se entrelaça, entre 1769 e 1770, com a do beato Frei Antônio de Sant’Ana Galvão. Designado confessor do recolhimento naquele período, o frade ouviu e procurou estabelecer a validade das visões da irmã Helena Maria do Espírito Santo, nas quais Jesus pedia à religiosa que fundasse outro recolhimento. Em 1774, ela e mais três religiosas fundam com Frei Galvão o Recolhimento da Luz, hoje Mosteiro, onde está sepultado o frade beatificado em 1998.
Em 1913, a pedido do arcebispo de São Paulo dom Duarte Leopoldo e Silva, religiosas do Rio de Janeiro vieram viver no recolhimento da Praça da Sé, para implantar ali a regra carmelitana de Santa Teresa. O recolhimento se tornaria, então, Mosteiro Professo da Ordem das Carmelitas Descalças de Santa Teresa. À espera de que se construísse seu novo lar, com estrutura e localização mais adequadas às exigências da vida conventual, as religiosas se mudaram provisoriamente para o bairro da Penha, na Zona Leste da cidade, em 1918.
Raízes de uma universidade.
Tranqüilo e então pouco povoado, o bairro das Perdizes, na Zona Oeste, acolheu o novo convento em 1923. Sua capela, hoje Matriz da Paróquia Coração Imaculado de Maria, foi inaugurada no mesmo ano, mas só ficaria pronta, com todas as ornamentações, em 1936. Passam-se duas décadas. Levando a cabo uma ideia antiga, o arcebispo e primeiro cardeal de São Paulo, dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, criou em 1946 a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. Para acolhê-la fisicamente, o amplo Convento das Perdizes apresentava a arquitetura ideal. Ao cederem o terreno e o prédio para que fosse doado à mantenedora da PUC, em 1948, as carmelitas, cuja disponibilidade já dera tantos frutos, originando pelo menos oito novos conventos desde a fundação do carmelo de São Paulo, contribuía não apenas para a implantação da nova universidade, mas também para o desenvolvimento de uma viva comunidade paroquial.
Duplamente paróquia.
As carmelitas transferiam-se para a Avenida Jabaquara, na região Sul da cidade, e em sua capela nas Perdizes começava algum tempo depois o atendimento aos universitários. Em 1965, o capelão padre Benedito de Ulhoa Vieira solicitaria ao arcebispo dom Agnelo Rossi a criação de uma Paróquia Universitária. Sua matriz: a Capela da PUC. Em 1967, a mesma igreja viria a se tornar matriz da Paróquia do Coração Imaculado de Maria. Ao ser nomeado bispo auxiliar, monsenhor Benedito deixa a paróquia, em 1971. É sucedido por padre Décio Pereira, grande incentivador da Associação Promocional do Coração Imaculado de Maria – APROCIMA. Padre Décio é nomeado bispo em 1979, tendo como sucessor na paróquia o padre José Pedro dos Santos. Padre José Pedro assume outra paróquia em 1991 e é sucedido por padre Antonio Edson Marmol, que falece em 1992. Padre Pedro Antonio Ariede o sucede, em 1993, permanecendo à frente da Capela da PUC até 1999. Padre Vando Valentini o sucede, em 1999, permanecendo à frente da Capela da PUC até 2016.O atual pároco, padre Valeriano dos Santos Costa, tomou posse em 18 de fevereiro de 2016.
História que se vê.
Ao receber a bênção, em 16 de setembro de 1923, a Capela, construída em estilo colonial brasileiro, não estava completamente ornamentada. Em 1936 ficaram prontas as telas pintadas por Pedro Corona, que decoram as paredes laterais com episódios da vida de Santa Teresa de Ávila. Enquanto a capela pertenceu ao convento, seu altar principal tinha a escultura de Santa Teresa de Ávila ao centro, ladeada pelas de São João da Cruz e de Santa Teresinha do Menino Jesus. Os altares laterais tinham São José, de um lado, e Nossa Senhora do Carmo, do outro.
Com a transferência das religiosas de Perdizes para o Jabaquara, os santos dos altares também mudaram de residência. No altar principal, então, foi posta uma imagem de Nossa Senhora Sedes Sapientiae, trazida da Espanha por monsenhor Emílio José Salim. O artista José Tudon Puyeo, a pedido do padre Antônio de Oliveira Godinho, em 1958, esculpiu as demais imagens dos altares: São Tomás de Aquino e Santa Teresinha para o altar principal; o Sagrado Coração de Jesus e São José, para os altares laterais. Na sacristia, encontra-se a imagem do Coração Imaculado de Maria, doada por dom Paulo Rolin Loureiro.